O tema geral da seção seria política. Mas talvez este post seja menos político do que prescindiriam palavras deste tipo em um blog de alunos de relações públicas. Digo isto, pois tratarei em algumas linhas a respeito da greve na USP, tema pertinente a nós, estudantes da ECA, mas, sobretudo aos leitores, membros da sociedade que sustentam esta universidade e que, supostamente, preocupam-se com os resultados dela.
O que me faz escrever é a pluralidade de discursos presenciados nas mídias diversas e não só, também interpessoalmente no cotidiano da universidade. À primeira vista já esta quantidade maciça impressiona, mas não muito, pois os temas agendados são, na maioria das vezes, aqueles que causam polêmica, porém o que aparece com maior força para mim são as diferenças comportamentais dentro deste macro grupo de discursos e a fragilidade da realidade universitária que deixam transparecer. Por isso, tentarei esboçar alguma coisa sobre o que em algumas mídias aparece e sobre outras coisas com as quais pude ter contato direto, referentes, principalmente, ao movimento estudantil e apresentar algumas matérias que tratam do problema.
As mídias consideradas mais conservadoras, apóiam o discurso da reitora, como forma de aprovação ao governo. Outras apelam para a legitimidade da greve. Cada um defendendo o seu próprio interesse como é de praxe acontecer. Porém o que parece fazer parte de quase todos os discursos é uma fratura na universidade causada pelas relações de poder lá instituídas.
Por trás da repugnante presença da polícia militar no campus e da atitude injustificável de alguns manifestantes extremistas, as analises de intelectuais parecem constatar uma crise nos processos decisórios da universidade. Por outro lado, a partir de uma analise pessoal, observamos que os personagens (falando de estudantes) que participam deste cenário apresentam uma ignorância manifesta, principalmente no que diz respeito ao embasamento teórico dos grevistas e também daqueles que contra a greve colocam-se.
Em primeiro lugar a greve parece ter perdido o sentido. Os manifestantes lutam por ideais que não mais os representam frente às dificuldades atuais. Alguns são influenciados por funcionários ligados a partidos políticos de extrema esquerda e sustentam um discurso que se aproxima do maoismo. Os estudantes não gastam o tempo necessário com seus estudos, após lerem o manifesto comunista e, raramente, alguns textos de Trotsky, consideram-se preparados para protagonizar a revolução contra a burguesia.
Em seguida podemos tratar também do papel daqueles estudantes que se posicionam contra a greve e então observaremos que o descaso com os reais problemas da universidade chega ao máximo. Apóiam a polícia militar, nem sequer sabem do que se tratam as pautas, opinam sobre a Univesp com a clareza de quem não sabe do que está falando. Colocam como objetivo, engajados ou não, o fim da greve e a luta contra os baderneiros, para que as suas individualidades possam continuar no seu rumo universitário normal.
Falta de objetivos demarcados pela greve, organização sistemática da mesma, descaso de alunos, impossibilidade de discussões aprofundadas, ignorância generalizada. São alguns dos fatores que fazem emergir uma podridão que parece esburacar os fundamentos da universidade.
Isto posto, claramente apenas uma breve impressão que pude ter dos últimos dias passados na universidade, gostaria, neste momento, de indicar alguns artigos interessantes que tratam sobre a greve e que possam abrir espaço para a discussão, pois afinal é disso que a universidade e suas relações são feitas.
- Artigo do professor José Athur Giannotti
- Matéria da Folha
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